Aventura - Judd N. Christopher

Baterilla, ilha onde nasci e por muito tempo "trabalhei", mas de algum tempo para cá, acabei relaxando de mais e, bem, estava na hora de quebrar aquela rotina tediosa e tóxica. Em um beco, próximo à lojas estava eu. Bocejava, observando ou tentando observar parte do que acontecia. Minha inexperiência sendo considerado pirata levou-me aquilo; tinha certo receio de sair em público e acabar cercado, assim como não conseguia ficar quieto.

Sobrou-me então os escuros becos da ilha.

Meus objetivos eram simples. Queria algum armamento, possivelmente alguma lâmina-curta. Sim, isto seria perfeito! Um pouco de dinheiro e, talvez, alguns medicamentos para diagnosticar e tratar enfermidades durante alguma viagem que acabasse trilhando. Como o faria? Tinha uma ideia inicial; Roubar! Como o faria? Esperava usar a noite como sua amiga. Assim que, parte das lojas estivessem próximas a fechar, tentaria entrar furtivamente numa delas, possivelmente na de armas.

Faltava pouco.

A iluminação fraca das ruas deixava claro que, muitos estabelecimentos estavam fechados e, aquele na minha frente, o de armas, era o único daquela longa rua. Do beco, emergi e, ainda longe, observei oque podia fazer. Seria problemático tentar abrir uma loja sem um material específico e conhecimento, exatamente isto deixou óbvio que a única opção cabível era entrar na loja ainda naquela hora, com ela aberta, mas era perigoso.

Observei também o velho, possivelmente dono, que contava seu dinheiro. Ele parecia fixado nas variáveis notas que tinha em mãos. Já tinha feito uma escolha, assim como decidido como tentar realiza-la. Entrar abruptamente era arriscado, não entrar e esperar encontrar alguma entrada ou forjar uma entrada era impensável. Bastou-me então agir como um cliente até o momento em que fosse possível dar um bote.

Em passos lentos, coloquei minhas mãos nos bolsos daquela calça que usava. Andava em direção aquela loja ainda aberta e, no último segundo, próximo à porta, tentaria sorrir. Deveria ser profissional naquele instante! Como qualquer camponês, olhava as armas, buscando uma de preço mediano. Algo que poderia pagar em último caso. — Olá! — Cumprimentei o dono, tentando manter-me atento as suas ações, qualquer movimento brusco seria o suficiente para alertar-me.

— Lâminas-Curtas, você tem alguma? — Perguntei. Havia mudado totalmente a forma de abordagem.

Observava atentamente cada ação e esperava o momento certo. Deveria ser astuto, ágil e sagaz no momento correto. Como qualquer outro vendedor, aquele buscava mais uma venda fácil e, duma prateleira retirou uma espécie de adaga. Ele a segurou por curtos segundos e, então, criou o estopim que eu tanto precisava para aquilo.

Estava focado; olhava fixamente para a arma. Não queria errar, não podia errar. Qualquer movimento brusco poderia entregar a vitória ao velho e, ainda observando a lâmina, o velho iniciou uma curta explicação do porquê de não possuir outras daquelas, não me interessava em nada quanto aquilo e, não mudaria oque ocorreria. Quanto sua pergunta? A respondi instantaneamente, com um curto sorriso.  — Sim, me agrada — Bastava então dar continuidade ao que tinha em mente.

Haviam incontáveis possibilidades. Podia tentar extorquir-lo a partir de uma ofensiva, mas os riscos eram incontáveis. Podia não ser o único por ali e, ser cercado não era uma opção. Custou a decidir tentar matá-lo, mas para um assassino, deveria ser algo comum, certo?

Com sagacidade, tentei então -com a mão esquerda- agarrar aquela Adaga, pressionando-a a partir de seu cabo. Num segundo movimento, visaria um corte seco e rápido, horizontal, na jugular do sujeito. Estava ansioso, nervoso, empolgado, mas ciente do que fazia. — Não haverá amanhã para um de nós dois — Sussurrei, impiedoso. Mesmo idoso, sabia que infortúnios podiam ocorrer e, a todo instante, mantinha-me a observar seus movimentos.

Spoiler: